As castas brancas do Dão – Caminhos Cruzados - A paixão do novo Dão

As castas brancas do Dão

Os vinhos brancos das diferentes gamas da Caminhos Cruzados, bem conhecidos por todos os nossos amigos, são feitos maioritariamente a partir de 5 castas típicas, Encruzado, Malvasia Fina, Bical, Cerceal, Gouveio e 2 castas de padrão internacional, Semillon e Chardonnay. Por cá vamos dando prevalência à casta rainha do Dão, Encruzado.

Atualmente na região do Dão é permitida a plantação de 85 plantas diferentes, tintas, brancas e rosadas. No caso das brancas são 22 as castas autorizadas para vinho de certificação de Denominação de Origem Protegida (DOP) e 20 as permitidas para certificação de Identificação Geográfica Protegida (IGP), às quais acrescem as mencionadas para DOP.

Das castas apresentadas, que são trabalhadas por nós, salientamos 4 daquelas que mais são produzidas e utilizadas em monocastas e em vinhos de lote na Região.

Encruzado

Considerada a rainha do Dão, a casta Encruzado encontra-se maioritariamente na região do Dão. “Redescoberta” pelo Engº Alberto Vilhena do Centro de Estudos Vinícolas, em Nelas, tornou-se, a partir dos finais do século XX, uma mais valia para o Dão por demonstrar uma qualidade magistral.

Esta casta, sendo bastante produtiva, é muito usada em vinhos monovarietais ou para enriquecer os lotes do Dão. As notas aromáticas são bastante distintas que vão desde o floral, ao citrino, resinoso, e para além disto, devido ao terroir onde se encontra, pode-se encontrar um mineral bem proeminente. Não se pode deixar de evidenciar o seu equilíbrio perfeito entre açúcar e acidez que proporcionam vinhos bastante aprazíveis, estruturados, untuosos e excelentes para guarda. 

Aromas típicos: Limão | Rosa | Violeta | Resina

Harmoniza com: Risottos, pratos de marisco como vieiras ou camarão, pratos de peixes com textura, tamboril será uma boa opção. Também resulta com pratos mais intensos, tais como receitas de massas e estufado francês de vitela. Não nos podemos esquecer dos queijos, de pasta semi-mole ou de casca lavada de sabor suave, com Encruzado ficam uma conjugação perfeita.   

Bical

Normalmente também designada “Borrado das Moscas” por apresentar, na película, umas pequenas pintas castanhas escuras, a Bical conquista atenção por parte enológica aquando da revolução tecnológica nos anos 80.

Sendo uma casta bastante precoce torna-se uma casta de alta capacidade alcoólica, no entanto, no que diz respeito à acidez, mostra um défice nesse campo.  No nariz as notas prevalecem no campo da fruta de pomar, em certos anos poderão ser mais discretas e sensuais e de fruta tropical. É especialmente utilizada em lotes pela sua vertente aromática.

Aromas típicos: Pêssego | Alperce | Manga | Papaia

Harmoniza com: pratos com peixes e frutos do mar, tais como mariscos com arroz, mexilhões cozidos, peixe branco grelhado com risotto, ou até mesmo com pratos de frango

 

Cerceal

Foi das castas brancas mais cultivadas no Dão segundo registos da segunda metade do século XIX. Em Portugal podem-se encontrar 3 castas com nome foneticamente semelhante, mas castas distintas, Cerceal do Dão e Douro, Cercial da Bairrada e Sercial da Ilha da Madeira, idêntica à uva cão.

Devido à maturação tardia e a grande produtividade é preciso ter toda atenção focada nesta casta, para que se consiga bons equilíbrios entre açúcar e acidez. Não sendo arrojada ao nível aromático mantendo-se pelo aroma citrino, é, tal como a bical, uma excelente casta para criar lotes com castas mais aromáticas como a Malvasia Fina ou Encruzado.

Aromas típicos: Toranja | Lima

Harmoniza com: Pratos de bacalhau ficam muito bem com esta casta, diferentes preparados de marisco e Queijos Amarelos, como Gouda.

 

Malvasia Fina

A Malvasia-Fina também conhecida por Arinto do Dão ou Boal na Ilha da madeira, é uma casta muito antiga, de origem romana ou grega, e está presente em várias regiões portuguesas, predominando no Dão, Douro e Beira Interior.

No que toca a produção, esta é bastante inconsistente por ser sensível ao oídio, míldio, podridão e desavinho. De notas aromáticas delicadas e pouco complexas, a Malvasia Fina foge aos típicos aromas florais ou frutados e apresenta-nos apontamentos melosos, especiaria, e nota cerosa. Os vinhos são, como o nome “Fina” indica, finos e elegantes, não tendo uma elevada complexidade e intensidade. Mais uma casta que proporciona apontamentos especiais quando usada em lote, particularmente com a casta Encruzado.     

Aromas típicos: Cera | Noz Moscada | Fumo

Harmoniza com: A Malvasia Fina não sendo um vinho muito estruturado é indicado para entradas, diferentes canapés, patés. Acompanha muito bem tábuas frias e devido aos seus aromas marcantes pode acompanhar sobremesas em que as Nozes, amêndoa ou a castanha sejam o centro das atenções. 

 

É com este património natural que vamos criando vinhos marcantes, de grande autenticidade que nos agraciam em todos os momentos das nossas vidas. Brindemos ao Vinho e à felicidade que nos contagia!

 

Texto por
Luís Filipe

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