Da Cortiça à Rolha: a Tradição Portuguesa no Mundo dos Vinhos – Caminhos Cruzados - A paixão do novo Dão

Da Cortiça à Rolha: a Tradição Portuguesa no Mundo dos Vinhos

A tradição secular da cortiça em Portugal torna-a um dos recursos naturais mais icónicos do nosso país. Originária do Sobreiro, a cortiça desempenha um papel vital na indústria vitivinícola, sendo o material fundamental na produção das rolhas. Neste artigo, convidamo-lo a entrar nesta jornada fascinante, desde a árvore que a produz até à sua transformação em rolhas que contribuem para preservar a qualidade dos vinhos.

A Tradição da Cortiça em Portugal

Portugal não é apenas reconhecido por ser um ótimo destino turístico ou por produzir vinhos distintos e de muita qualidade, faz parte do seu reconhecimento a nível internacional a bela e antiga tradição corticeira. A produção de cortiça é uma parte intrigante da cultura e economia do país. O Sobreiro (Quercus suber), a árvore que fornece este recurso, encontrou o seu lar em Portugal e hoje está espalhada pelo sul do país criando a maior área de sobreiros do mundo. Esta tradição está profundamente enraizada nas terras lusitanas, com muitas famílias a dedicar-se a esta indústria de geração em geração.

O Sobreiro

Desde a natureza à garrafa, a cortiça atravessa um caminho interessante onde o trabalho humano encontra-se em perfeita harmonia com a natureza e claro, com a tecnologia. O sobreiro é uma árvore conhecida pela sua casca espessa e rugosa, sendo esta a fonte da cortiça. É uma árvore perene, adaptada às condições climáticas mediterrâneas. O sobreiro é muito resistente e duradouro, podendo viver em média cerca de 200 anos. A título de curiosidade, para ser "descortiçado" pela primeira vez, é necessário que o sobreiro tenha, no mínimo, 25 anos. Além disso, estas árvores são também apreciadas pela sua ótima capacidade de regeneração da casca.

Após a primeira "descortização", a cada nove a doze anos, a cortiça pode ser retirada de novo, obrigatoriamente entre os meses de maio a agosto, sem danificar o sobreiro, tornando-o uma fonte sustentável de matéria-prima. Tal período caracteriza-se por um momento em que a árvore se encontra mais ativa no que toca ao seu crescimento.

Em Portugal, os sobreiros prosperam na região sul, maioritariamente no Alentejo. As vastas extensões desta região são cobertas por florestas de sobreiros, que fornecem uma visão magnífica e propícia um habitat rico em biodiversidade.

Da Cortiça à Rolha

A confecção das rolhas a partir da cortiça é um processo deveras curioso e entusiasmante, onde uma série de etapas são primordiais para a criação de rolhas de qualidade.

A cortiça é, então, a casca exterior do sobreiro, e a sua extração é um processo delicado. Consoante a tradição, o indivíduo responsável por descortiçar o sobreiro é um especialista altamente treinado que utiliza ferramentas específicas para remover a casca da árvore, sendo este processo chamado de "descorche".

Após a colheita, a cortiça deve repousar por um período de 6 meses para desenvolver humidade de forma uniforme. Depois deste tempo, ocorre a separação das cortiças mais grossas das mais subtis. Em seguida, as pranchas escolhidas são cozidas para remover as impurezas e garantir a higiene, e após alguns dias de repouso para a humidade diminuir, as pranchas são processadas em várias espessuras e tamanhos, dependendo do seu uso final.

De forma a seguir este processo, as pranchas destinadas às rolhas naturais são selecionadas para que, com a ajuda de uma broca, seja possível extrair as rolhas no seu formato cilíndrico para garantir a vedação perfeita das garrafas.

Qualidade reconhecida em todo o Mundo

A qualidade das rolhas de cortiça portuguesa é reconhecida em todo o mundo. Diversas adegas optam por utilizar rolhas de cortiça nos seus vinhos, atraídos pela comprovada eficiência na preservação do sabor e das características destes. Esta preferência não é por acaso, uma vez que a tradição e a experiência dos diversos produtores portugueses garantem aos amantes de vinhos tranquilidade no que diz respeito à preservação destes ao longo do tempo.

Para nós, a cortiça é mais do que uma simples matéria-prima, é um símbolo de tradição, sustentabilidade e qualidade. A sua importância na indústria dos vinhos é inegável, e a dedicação à sua produção é sinónimo de muito trabalho transmitido ao longo das gerações.

Esta tradição rica e sustentável é um tesouro do nosso país, sendo um testemunho da dedicação incansável dos trabalhadores, o que assegura que o vinho permaneça no seu melhor estado, desde o momento em que é engarrafado até ao momento em que é apreciado.

Lembre-se deste processo fascinante quando for abrir a sua próxima garrafa de vinho! A nossa dica é começar a criar uma colecção de rolhas, para que em cada uma, haja uma história a ser lembrada!

Cheers!

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